sexta-feira, 8 de julho de 2011

Durante o caminho para casa, por algum motivo, tive que parar em um açougue sombrio. Faltava luz, a parede era suja e possuía buracos onde dava para avistar o terreno baldio ao lado. O açougueiro gordo com as facas enormes colocou um grande frango em uma chapa por 5 minutos e pronto, já estava no ponto para comer.

Eu estranho aquilo tudo, e vejo enormes pedaços crus serem engolidos. Até que o absurdo toca mais alto, e sai um bebê recém nascido daquela pocilga para comer o seu pedaço de frango cru também. Eu que só observava e contracenava com caras e bocas, pude, nesse momento, fazer uma breve intervenção e não me aguentei ao dizer: “Ei, mas esse frango está cru... e, além do mais, é enorme! Essa criança pode não suportar!”. Eis que era verdade, pois a pequena nem dentes tinha. Mas, ufa, o açougueiro avaliou a situação e recomendou que a levassem de volta para o quarto, finalmente eu tinha razão.

Fui acompanhar levarem o bebê de volta, entro em um quarto bem mais limpo, silencioso, agradável... Vejo o bebê ser ninado e não entendo como ele pôde resistir com tanta ternura a um mentor daquela espécie... Mas, a conversa com a cuidadora do bebê não me levava a lugar algum, ela estava muito concentrada com o trabalho, e finalmente chego a algum lugar: a rua.
Acabei lembrando que tinha que passar na residência de alguém, não sei nem para quê... Eu apenas queria ver alguém, mas ao chegar o dono da casa estava tão entretido com ele mesmo que não lembro de receber nem um “oi”,tudo bem, fui observar o ambiente e me deparei com um corredor cheeeeeio de álbuns de figurinhas. Aquilo era meu sonho, ou era um sonho mesmo ou eu estava realizando. Mas calma, os álbuns não eram meus! Meus olhos não desgrudavam daquilo, estavam lá meus personagens preferidos (levando em consideração que esses personagens me afeiçoaram na infância pela própria estética, eram como bonecos parados que não precisavam dizer nada, pois a expressão já era tudo!). Eu olhava, com um olhar de sete anos de idade, e queria vários daqueles álbuns e figurinhas para eu passar o resto dos dias olhando, mas não eram meus, snif, snif. O proprietário me fez a doação de um álbum promocional, cujas folhas eram daquelas bem pebas recicladas e o personagem era o que menos chamava minha atenção, hunf, amufinei! Lembrei no mesmo momento do sentimento de deixar as crianças em lojas de brinquedos saírem de mãos vazias, ou então com a peça que elas menos gostariam de ter, isso é tão insatisfatório!
Pois bem, fiquei com uma vontade imensa de sugerir que ele me desse outro álbum, mas ele não tava muito interessado nisso, nem mesmo em saber das minhas preferências ou nem se quer pôde perceber o meu deslumbre diante daquilo que era meu sonho.

“Frustação!!!” era só o que eu conseguia pensar... E o camarada lá, passeando de trás para frente e de frente para trás entre as suas centenas de álbuns até repetidos, que crime!

Acabei desistindo de assistir aquilo tudo, mas o grito do desespero não cessou tão fácil dentro de mim, fiquei pela casa, fui falar com os pais do rapaz que tentaram ser mais gentis do que ele, acabei me afeiçoando e isso rendou horas a mais naquele lugar. O pai do garoto falava diante do espelho, mas só vez ou outra ele soltava palavras mágicas que davam abertura para eu perguntar alguma coisa, e ele com os olhos fixos no objeto que refletia a própria imagem, me respondia tudo bem direitinho, mas bastava desviar o olhar que nem mesmo os seus ouvidos funcionavam mais nem para a direita e nem para a esquerda, com um amufinamento instantâneo. No entanto, se tratava de uma figura amável, passei a gostar dele, mesmo quando de grande mago passava a ser pequeno robô.
E o camarada ainda lá, olhando seus álbuns, e às vezes fazendo outras coisas que não cabia mais ninguém. Tudo bem, eu tinha um mundo todo para explorar, seu boboca.
Explorei o quintal, os quartos, a sala, os banheiros... Tudo e todos os objetos. Mas, cansei, e quando vi, haviam outras pessoas cansadas na fila do banheiro, ou era apenas minha vista que via tudo morgado mesmo.
Eu já estava cansada com a cabeça escorada na parede, sem nem conseguir pensar no próximo passo, a não ser nas minhas necessidades fisiológicas e puf, encontro dois amigos divertidos na mesma fila que eu.
Ah, eles foram tão gentis, amáveis, sei lá, eles falaram comigo olhando para mim, que grande feito! Isso foi tão importante que eu pude me sentir eu de novo, eles lembravam mais de mim do que eu mesma. Falaram das minhas coisas de quando a gente brincava na rua, de como aquele tempo foi bom, etc etc. Eu lembrei de mim, uepa.
Até a vontade de ir ao banheiro passou, a vontade de possuir o álbum de figurinhas também, eu não lembrei nem mais deles, só lembrei depois quando já estava com o pé na estrada novamente e me dei conta que já era.

Pé na estrada, sei lá para onde eu tava indo, mas eu sentia muita certeza de tudo aquilo... Talvez, apenas de volta para casa!

Ah, desculpe qualquer erro, qualquer coisa, escrevi esse texto numa teclada só, até! ;)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

ouro de besouro


Sentado numa poltrona de ouro ornamentada em tesouro
Basta-me o silêncio para que o meu fiel escudeiro atentamente ouse tentar persuadir-me de que o engano apoderou-se do meu reino, só porque antes em pó e lata um dia fora feio
Uma honra à dor, à antiga tábua de lata que guardava todos os pedaços juntos e milhões de anos-almas depois pôde se transfigurar em diamante
- Custa, escudeiro, respeitar o meu tempo, a minha transfiguração e agora felizmente o meu silêncio?

O reino manda avisar aos súditos que às 17:49 horas do dia 7/07/2011 (multiplicado por 2, e seguindo a ordem por dois anos) abrir a boca de forma desproporcional ao código de conduta 264 (que diz: respeite seu próximo mesmo que você ou seu parente de estimação tenham a incerteza de que seu próximo não é mais digno de viver no mesmo reino que vocês ou possui mais tesouros) será causa de pena de morte e, por tanto, façam um minuto de silêncio pelas vidas dos companheiros pois todos eles são muito amados pelo rei.

Att. a guarda.

Shhhhut up!